O projeto Índex de Inês Moura, Juliana Froehlich e Sofia Costa Pinto (de julho de 2011) consistiu de mapas com localizações de “obras”, pontos de localização de elementos visuais (pequenas singularidades) contidos no espaço da cidade de São Paulo, em especial nos bairros do Bom Retiro, Santa Cecília e Barra Funda. No mapa são propostas três sugestões de trajetos com distâncias e abordagens diferentes: trajeto romântico, idealista, trovador, belo e sublime (percurso de 2800m); o trajeto racionalista, intelecto, época moderna (3700m) e trajeto onde a cor habita, formas, paleta (3800m). Como um lúdico caça ao tesouro, o participante sai à busca das preciosidades no espaço (do olhar das artistas) que são identificados com placas (como as que se usam em museus). São 22 pontos que convidam a apreciar o banal na cidade, sutilezas ignoradas nos tempos rápidos da cidade. Expande as fronteiras do museu e propõe a cidade como suporte, e as pequenas construções cotidianas como aventuras para o olhar.
Segundo as artistas: “A ideia do projeto é que as pessoas saiam da sua rotina e realizem percursos exercitando um olhar mais atento. Coisa que não estão acostumadas a fazer. O mapa induz as pessoas a manter o olhar atento à paisagem urbana.” Trata-se de uma “cartografia sensível, pois acaba por ser um registro de um processo que conta histórias
sobre o bairro, sobre suas particularidades e habitantes. É também umacartogra fia da memória, pois implica a vivência do percurso.” [1]
Elas definem o projeto como uma exploração poética e visual da paisagem urbana. “Ele não é apenas uma visão do artista sobre o lugar, mas é uma visão partilhada e é uma visão que precisa do outro para existir, na medida em que o Índex se desdobra nas visões do outro sobre a mesma cidade.” [2]
A proposta do trabalho de forma leve e lúdica questiona um estatuto de museu e de obra de arte, ou seja, qual o lugar da obra de arte? A obra, podemos dizer assim, é participativa e construída coletivamente, fruto da experiência proporcionada pelo trajeto.